sábado, 13 de junho de 2009

Invado um espaço que é teu. Faço-o para tentar compreender quem és, tentar perceber o que pensas e porque o pensas. Consigo imaginar-te aqui. Consigo ver-te ali sentado, a olhar o nada. Ou o infinito. (E não são eles a mesma coisa?) Consigo perceber o teu cheiro. Aquele cheiro que não é de perfume nenhum em particular, apenas o cheiro a lavado, o cheiro a banho acabado de tomar e barba acabada de fazer. Consigo ver-te mas não consigo entrar em ti. És demasiado complexo. Queria conseguir perceber-te para saber o que dizer quando subitamente paras e ficas a olhar o nada. Ou o infinito. O que vês, nessas altura? O passado? O futuro?

Passaste por muito, creio. Não falas sobre isso, nunca falas sobre isso. Fechaste as más recordações com sete chaves num armário. Pensas que assim é melhor. Mas volta e meia elas assombram-te. Saem do armário sem se saber como ou porquê e transformam-te. Deixas de ser tu. Posso-te ajudar? Dá-me as chaves desse armário escondido no fundo de ti. Dá-me as chaves e deixa-me olhar para o que guardas ao fim de todos estes anos. Vamos falar sobre as coisas. (Como odeias a palavra 'coisa'...) Vamos mostrar aos fantasmas que não tens medo deles. Deixa-me agarrar-te a mão enquanto mostras quão forte és (Porque és!) e queimas esse armário maldito. Não são as más recordações que deves guardar, amigo, mas as boas. Aquelas que te fazem mostrar o teu sorriso, aquele contagiante.

Uma criança ri, descontroladamente. Serás tu, vindo do passado, a rir para me mostrar que não foi tudo mau? Gostava de conhecer o 'tu' pequenino. O pirralho reguila que fazia birra no meio da rua e sonhava com o metro no fim do mundo. Por vezes mostras um bocadinho dele. Uma gargalhada mais pronunciada, um olhar mais atrevido. O tu pequenino. Nessas alturas o mundo pára. Pára para seres feliz durante mais um pedaço, pára para que vejas que nem tudo é mau. Para veres que o mundo não é preto e branco e tu não tens de estar encostado à parede com ar de desilusão. Deixa-me dar-te a mão e ajudar-te a levantar. Deixa-me ajudar-te a ser feliz.

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