Telefonei à tua mãe ainda não eram 8 da manhã. Com uma voz envergonhada sussurrei ao telefone: 'Dona C. preciso mesmo de estar com ele.'. Até a tua mãe percebeu a importância da conversa que precisava de ter. Cheguei a tua casa vinte minutos depois. Tinhas acabado de acordar. Tiveste apenas tempo para escovar os dentes e vestir uma t-shirt, aquela de que sempre gostei. Enquanto tiravas os cafés, olhei para ti e sorri. (Como pude deixar-te 'fugir'?) Sentei-me no sofá onde tantas vezes estiveste tantas horas ao telefone comigo. As tuas mãos tremiam; deixaste cair o açúcar todo no chão. 'Não te faz falta, diga-se.'. Risos. 'Vou sentir saudades disto.', disse, por fim. Olhaste para mim como nunca tinhas olhado. Acho que foi nesse momento que percebeste que me ia embora. Que já não era um plano maluco que não ia sair do papel. Há tanto tempo que to tinha dito que o ia fazer, que te tinha dito o dia e a hora do voo, que te tinha dito. Acho que foi nesse momento que percebeste que eu ia mesmo para não sei quantos quilómetros de distância (demasiados, demasiados). Calámo-nos. O pensamento em excesso de velocidade, sem dúvida alguma, e os lábios fechados. Falei então da noite anterior, perguntei como tinha sido, o que tinhas feito, se tinhas estado com mais alguém. (tudo menos pensar no que vai acontecer nas próximas horas, por favor.) Silêncio. Continuámos a falar sobre nada. Um quarto de hora, vinte minutos, vinte e cinco, o toque do telemóvel - já cá estou fora à tua espera. Levantei-me, peguei nas duas chávenas e lavei-as num instante. A água estava demasiado quente, o cheiro a café, os patos na janela da cozinha, o tapete amarelo, o teu cheiro, o telemóvel a tocar de novo, o som da tua respiração, a água a correr lá fora, uma lágrima a nascer no canto do meu olho. (Está na hora.) Vais voltar, não vais? (Não. Se lá ficar já não volto; umas visitas de quando em vez, mas voltar não.) 'Claro que vou, J... No Natal estou cá, não falta assim tanto tempo'. Desviaste o olhar como que a imaginar o tempo que era, os meses, os dias, as horas. Quando saímos as nossas mães estavam à conversa. Então sempre vais mesmo, Inês., disse a tua mãe. (Sempre gostou de mim. Sempre. Por ela, tudo teria sido diferente. Por mim também.) 'Sim, dona C. Sempre vou mesmo.' A tua mãe abraçou-me. A tua mãe abraçou-me. E tu estavas lá, parado, a olhar para nós. Não me abraçaste. Não me abraçaste, porra! Eu podia ter ido embora para o fim do mundo, sozinha e o meu melhor amigo não me abraçou. Deste-me um beijo na cara, igual a tantos outros que já me tinhas dado (sejamos honestos, já tivemos beijos bem melhores), passaste-me a mão na cabeça e sussuraste Tu vais voltar. Fiquei com um 'amo-te' preso na garganta. Fiquei com o amo-te mais sincero e mais oportuno que algum dia podia ter dito preso na garganta. E limitei-me a sorrir.
Dois minutos depois recebi uma mensagem no telemóvel. Não sou bom para despedidas. Não que isto seja uma, mas prontos. 'Não é prontos, é pronto'.
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E voltaste... voltaste tal como eu t tinha dito, tal cmo eu tinha escrito na foto q me deste.. aquela tirada por ti no parque (entre tantas outras fotos tiradas no parque... pra n variar=P) com os oculos d sol q n m pertenciam (n sei bem s teus ou da C.^^)
ResponderExcluirIsto tudo pq qm é de facto importante para nos, o é simplesmente... sem nenhum motivo, razao ou explicaçao... simplesmente o é!! E s há cs q n nos podem retirar sao os momentos ja vividos com todas essas pessoas e tb a esperança d viver outros tantos=)
Pq qm foi importante pra nós, de uma forma especial, de uma maneira ou outra continua para smp importante para nós e faz parte de nós, dão-nos um bocadinho deles q ficam para smp connosco!!
Isso nngm nos tira ;)
N concordas?
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