O sol aquece-me as costas. Ao fundo ouve-se a maravilhosa voz de Diana Krall. Tento identificar a música. Sei o álbum, mas não recordo o nome da música. Esqueço o assunto e passo a olhar fixamente para um pássaro que vai roubando migalhas a um pão abandonado numa das mesas. Que luxo.
Falam do que não sabem. Falam da morte. Criticam. Já não posso mais. Alheio-me da conversa. Penso na viagem que tenho pela frente. No calor que vou apanhar. Vou a dormir, passa mais rápido. O problema é que não é uma pessoa estruturada. Não soube lidar com a doença. Apetece-me gritar. Mas alguém sabe lidar com a doença? Alguém sabe lidar com a morte? Não pediu ajuda quando precisou. E nós não não estivemos lá, porra! Não estivemos! Só quando a morte nos bateu à porta é que percebemos. Que era importante. Cometemos um erro, sim, vocês também! Deixem-se dessas psicologisses de merda, pá! Fez o que pôde. Não é fácil perder tudo. Como não percebem isso? Claro que não é estruturado! Experimentem construir uma vida durante dezenas de anos para depois descobrirem que é um castelo de cartas. Um rabanada de vento. E puff. Foi-se tudo. Uma vida. Tentem manter-se inteiros assim! Sim, talvez não tenha tomado as decisões mais correctas. Mas mande a primeira pedra quem é perfeito. Exacto. Há muito tempo que eu previa isto. Já sabia isto há muito tempo. E fizeste alguma coisa? É muito fácil falar agora, que o mal já está feito. E não me venham com a questão da educação. Não me falem dos princípios. Quando a vida te destruir tudo o que construiste vem falar comigo dos princípios. Vem-me falar em ter calma. Vem. Nessa altura ouço-te. Mas não fales assim dos outros. Está uma vida em jogo, porra! E tudo o que fazes é falar do que não é perfeito? É falar do que não tem remédio? Não é assim que deve ser. Vi a morte de perto. Não é bonito. E sermões não ajudam. Acham que não sabe o que fez de mal? Que não sabe que está assim por sua causa? Sabe. Não deve pensar noutra coisa. Por isso o que me apetece dizer é já chega! Calem-se com essas merdas e aproveitem o talvez pouco tempo que temos. Demonstrem agora que estão arrependidos de não ter dado mais atenção, de não ter feito nada mais cedo. Mostrem agora que se importam e que amam. Com palavras e actos. E não com psicologisses da treta. E se não estão interessados deixem ao menos fazê-lo quem quer. Eu quero.
I miss you so. O nome da música, I miss you so.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário